quarta-feira, 13 de abril de 2011

Plano de Aula - Climatologia

Fábrica de gelo nas nuvens

Objetivos: Conhecer os processos formadores das precipitações atmosféricas

Introdução

Yes! Nós temos neve! Graças às massas pares que invadem o país no outono, algumas cidades da Região Sul realizam o sonho de muito brasileiro: ver neve caindo na nossa paisagem tropical. Poucos, no entanto, têm esse, vá lá, privilégio. São poucas as áreas sujeitas a tal fenômeno. A reportagem de VEJA traz uma lista delas e uma oportunidade para explicar à turma como se formam as nevascas e outras duas ocorrências atmosféricas que envolvem a produção de gelo, o granizo e a geada. Mostre aos alunos os fatores físicos e climáticos que determinam essas ocorrências.

Uma questão de saturação

Chuva, granizo, orvalho, geada e neve têm todos o mesmo constituinte. A água. Essa substância está sempre presente na atmosfera sob forma de vapor. Em determinadas condições, esse vapor pode mudar de fase, passar para o estado líquido ou para o sólido. Quando isso ocorre, a matéria se precipita para o solo. Antes de que possamos presenciar qualquer desses fenômenos, no entanto, muitas coisas acontecem no ar.

 
À medida que aumenta a concentração de vapor de água na atmosfera, a sua pressão também cresce. Mas há um limite para esse crescimento, que é a máxima quantidade de vapor por unidade de volume que o ar pode suportar em determinadas condições de temperatura e pressão. Nesse limite, que é a pressão máxima do vapor, diz-se que o ar está saturado. E, em tais condições, encontramos as duas fases juntas, vapor e líquido.


Quando ouvimos falar que a umidade relativa do ar é de 60%, devemos entender que o vapor de água na atmosfera está com pressão igual a 60% da sua pressão máxima.

O ar quente pode suportar mais vapor do que o ar frio. Ou seja, quando a temperatura do ar aumenta a pressão máxima de vapor também fica maior. A água existente na atmosfera pode ser vista apenas quando se condensa. São as nuvens e os nevoeiros. As nuvens são condensações no nível superior da atmosfera e os nevoeiros ocorrem próximos ao solo.

Como a água vira um floco

As nuvens capazes de dar origem à neve estão sempre abaixo do ponto de congelamento (ou de solidificação) da água. A precipitação se dá, então, na forma de cristais de gelo, que se aglomeram e produzem os flocos de neve. Esses flocos, porém, só chegarão ao solo se a temperatura do ar entre a base da nuvem e a superfície do solo for suficientemente baixa. Do contrário, a neve derreterá no caminho e se transformará em chuva. Pode nevar até mesmo quando o solo está a 4 oC.
Quando a temperatura da nuvem é bem inferior ao ponto de congelamento, formam-se flocos de neve pequenos, secos e pulverulentos. Em temperaturas mais próximas desse ponto, os flocos são maiores. Isto porque eles se derretem parcialmente e se agregam uns aos outros.
Neves eternas são encontradas em regiões de temperaturas inferiores à do ponto de congelamento. São chamadas zonais quando devidas à sua localização na zona climática do planeta, como nos pólos. E são azonais se não obedecem às zonas climáticas, como as que ocorrem nos picos de altas montanhas. O Monte Kilimanjaro, situado a 3o ao sul do Equador, possui neves eternas nas altitudes superiores a 5000 metros. Mas o nível dessa neve varia. Quanto maior a latitude, teremos neves eternas em topos de montanhas cada vez mais baixos.
O granizo é uma precipitação em forma de grãos de gelo, associada, em climas temperados, aos temporais de primavera e verão (veja quadro).
A geada é um fenômeno que ocorre em noites de céu limpo, em que o solo resfria-se a temperaturas inferiores à do ar. Em conseqüência disso, a umidade do ar próximo do solo condensa-se e se deposita sobre os objetos. É o orvalho. Quando a temperatura é inferior à do ponto de congelamento, a água se solidifica, deixando partículas de gelo sobre o solo. As geadas são mais comuns nos Estados do Sul, em São Paulo e no sul de Mato Grosso do Sul. Neste último inexistem barreiras para a entrada de massas frias vindas do sul, que provocam o resfriamento rápido das condições atmosféricas preexistentes.

Atividades

1. Peça aos alunos que observem e recortem dos jornais os mapas de temperatura no Brasil. Trabalhe em classe a variação da temperatura de acordo com os diversos parâmetros em jogo, tais como as diferentes latitudes, altitudes e as frentes frias.
2. Você pode também utilizar a coluna de "tempo no mundo", com as temperaturas mínimas e máximas de diversas cidades. Peça aos alunos para localizá-las no mapa e comparar diferentes cidades com latitudes próximas (ao sul ou ao norte) mas altitudes bem distintas. Estabeleça com a turma os fatores que podem explicar temperaturas diferentes em regiões climáticas semelhantes.
3. Mostre à classe um exemplo de condensação do ar. Neste período de início de inverno, podemos perceber que a respiração úmida e quente dos passageiros num carro provoca o embaçamento das janelas. Isso ocorre porque a temperatura do vidro é mais baixa do que o ponto de orvalho (temperatura de saturação do vapor do ar) no interior do carro.
4. Explique como a umidade relativa do ar nos provoca sensações corporais. Quando a umidade relativa é baixa, o ar está seco e temos uma sensação refrescante. Quando é alta, o ar está úmido, o que nos dá sensação de moleza e sufoco.

Bibliografia

Previsão do Tempo e Clima, A. G. Forsdyke, Ed. Melhoramentos

Consultoria Fernanda Padovesi Fonseca

Professora de Geografia do UniFIEO, de Osasco, São Paulo

Reportagem de Suporte: Brasil abaixo de zero

São Joaquim é uma cidade com casas de madeira e 22.000 habitantes que vivem basicamente do plantio de maçã. Tem uma praça principal com igreja em frente e é vizinha de um parque nacional repleto de abismos profundos, cachoeiras e mata de araucárias, marfim, imbuia e canela. Nada disso, no entanto, atrai muitos visitantes. Ela só se transforma em atração nacional alguns poucos dias por ano, quando fica coberta de branco. São Joaquim é a cidade brasileira onde mais neva. Neste ano, a notoriedade veio mais cedo. A neve caiu pela primeira vez em abril e, de lá para cá, mais três vezes. No dia em que mais nevou, uma camada de 8 centímetros forrou as ruas. A expectativa de ver os flocos cair do céu está fazendo com que cerca de 1.000 visitantes apareçam a cada fim de semana. Espetáculo para os de fora, é um transtorno para os moradores. Apesar de ser o município mais frio do Brasil, São Joaquim não está preparada para a neve que vê cair em média três vezes por ano.
Freqüentemente, a água encanada congela estourando canos e hidrômetros. Para tentar evitar o problema, a companhia de água desliga o abastecimento nas noites mais frias. Neste ano, isso já aconteceu cinco vezes. O liga-e-desliga, no entanto, não impediu que alguns canos se quebrassem. Nos dias de nevasca, São Joaquim se parece com as cidades européias. Mas apenas nas ruas. Dentro das casas, não há calefação. As que contam com esse sistema não passam de vinte. Para aquecer os ambientes internos, os moradores usam lareiras e fogões a lenha, comuns tanto nas residências quanto nos apartamentos. Em dias gelados, o cômodo preferido das famílias é a cozinha. À noite, a solução é enfiar-se sob muitas camadas de cobertores. A comerciante Rejane Borges Souza reclama que, antes mesmo de o inverno começar oficialmente, já está tendo de dormir com quatro cobertas.
Os turistas que chegam para ver a neve não se incomodam com a forma improvisada de acomodação. Os quatro hotéis e as cinco pousadas da cidade têm capacidade para receber 500 pessoas, metade dos forasteiros que apareceram no último fim de semana. Quem não encontra abrigo nos hotéis recorre aos moradores. Marizete Bonin recebeu nove pessoas de quatro famílias em sua casa ao mesmo tempo. "Dormi com meu marido e dois filhos no mesmo quarto, mas adorei a experiência e vou repetir", diz a dona de casa, que na véspera foi a uma loja comprar lençóis térmicos para os hóspedes. Em país tropical, vale tudo para ver a neve caindo.

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